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Projetos de saneamento, mobilidade urbana e logística terão destaque, diz presidente do BNDES

Um ambiente propício para a realização de investimentos requer estabilidade, previsibilidade e expectativas positivas sobre o futuro da economia, diz Maria Silvia Bastos Marques, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Segundo ela, “o Brasil está agora fazendo seu dever de casa nas finanças públicas e também no restabelecimento do aparato institucional, jurídico e regulatório do país”. Com isso, “o apetite por investimentos está sendo destravado e o país voltará a crescer”. Confira a entrevista que ela concedeu à Agência CNI de Notícias.

AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS – Os R$ 99,4 bilhões liberados em 12 meses até outubro ficaram abaixo do registrado no mesmo período de 2015. Qual a perspectiva para os desembolsos em 2017?

MARIA SILVIA BASTOS – O Brasil experimentou nos últimos anos o esgotamento do antigo modelo de crescimento, baseado em expansão dos gastos públicos com farta disponibilidade de crédito público e privado. Esse cenário foi agravado por uma conjugação adversa de fatores, com o relaxamento no uso das melhores práticas na administração das finanças públicas e uma conjuntura internacional desfavorável com lenta recuperação das principais economias mundias pós-crise de 2008 e queda nos preços internacionais das commodities.

Esse cenário adverso para os investimentos se consolidou com a perda do grau de investimento em 2015. Naturalmente, o indicador de desembolsos do BNDES acompanhou a queda nos investimentos. Temos tomado medidas de curto prazo para tentar atenuar o processo de redução de atividade econômica e de empregos, como, por exemplo, com a instituição da linha de financiamento para a aquisição de ativos, onde financiamos os compradores de ativos de empresas em recuperação judicial ou falência, desde que para fins produtivos.
AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS – Quais as prioridades do BNDES para 2017?

MARIA SILVIA BASTOS – O objetivo maior é ampliar a eficiência e a eficácia de seus desembolsos, sempre em prol do desenvolvimento do país, tanto tecnológico como humano. Estamos investindo em revisão de processos, para tornar a concessão de empréstimos mais ágil e simplificada, desde a pequena até a grande empresa. Da mesma forma estamos definindo novas plataformas digitais para atendimento às micro, pequenas e médias empresas. Para promover a competitividade das empresas em geral, uma das diretrizes que orientarão a atuação do banco será o uso de políticas horizontais para apoio aos investimentos.

Na concessão de financiamentos pela TJLP priorizaremos projetos de acordo com seu impacto econômico, social e ambiental, independente do setor em que se inserem. Para alavancar o uso dos recursos, o banco usará seu potencial exercendo outros papéis além do financiamento. Poderemos atuar como garantidor, ou ao lado do mercado de capitais na estruturação de operações, ou ainda usando nossa expertise para coordenar processos de desestatização. O BNDES manterá presença relevante em infraestrutura, setor com forte geração de externalidades positivas e impactos sobre a competitividade sistêmica do país, com destaque para os projetos de saneamento, mobilidade urbana e logística pelos benefícios proporcionados à qualidade de vida dos cidadãos e pela economia de tempo, reorganização do espaço das cidades e redução dos custos de movimentação interna.

O BNDES pretende estruturar as operações de concessão ou privatização de ativos estatais e articular a vinda de novos financiadores para viabilizar as operações. Manteremos apoio à indústria, privilegiando iniciativas voltadas para o aumento de produtividade, competitividade, inovação e difusão de tecnologia. O financiamento à exportação deverá enfatizar a inserção de empresas brasileiras em cadeias globais de valor. Nos próximos dois anos, a prioridade será adequar produtos e políticas de crédito para uma atuação mais pulverizada, e para facilitar o acesso de empresas exportadoras às linhas de financiamento, como ocorre em todo o mundo.

AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS – Os desembolsos para a indústria, no acumulado em 12 meses encerrados em setembro, caíram 26%. Haverá um foco especial para estimular a retomada de crescimento do setor industrial no próximo ano?

MARIA SILVIA BASTOS – A queda dos desembolsos para a indústria no período recente se explica no contexto geral de queda da atividade econômica. Entendemos o papel central da indústria no processo de desenvolvimento econômico: a indústria, como componente fundamental do tecido produtivo, com impactos a montante e a jusante na cadeia, é uma importante ferramenta para transmitir a retomada do crescimento econômico setorial e geograficamente. O setor industrial permanece dentre os principais focos de atuação do banco. O apoio do banco à indústria será pautado pela priorização de iniciativas voltadas para o aumento de produtividade, competitividade, inovação e difusão de tecnologia, como, por exemplo, todos os projetos de inovação e aqueles associados a tecnologias estratégicas, como biotecnologia, manufatura avançada, tecnologias de informação e comunicação, etanol de segunda geração, entre outras indústrias intensivas em conhecimento.

AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS – O BNDES contará com ações mais fortes voltadas para micro, pequenas e médias empresas. Isso afetará a atuação do banco com as grandes empresas?

MARIA SILVIA BASTOS – A participação vem crescendo ao longo dos últimos anos tanto por conta da contribuição dos agentes financeiros como por iniciativas próprias do banco, como o Cartão BNDES e a priorização dos projetos apresentados por empresas desse porte. No entanto, as empresas de maior porte também poderão se beneficiar de condições interessantes de financiamento pois haverá qualificadores para o crédito diferenciado em TJLP, como o investimento em inovação, a geração de impacto socio-ambiental, a criação de empregos, entre outros, que serão levados em conta na análise dos projetos.

Por Vivaldo de Sousa
Foto: Divulgação/BNDES
Para a Agência CNI de Notícias

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