Comércio mundial pode ter o pior desempenho em 10 anos
O relatório Perspectivas do Comércio Internacional da América Latina e do Caribe 2019, lançado nesta terça-feira, pela Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal), analisa a desaceleração do comércio internacional, suas causas e consequências para as economias da região.
O estudo aponta que, em 2019, o desempenho do comércio mundial de bens pode ser o pior dos últimos dez anos. Para se ter ideia, em 2018, o comércio mundial de bens cresceu 2,7% e, em 2019, será de apenas 1,2%.
A forte desaceleração do comércio exterior se deve a diversas razões, segundo o documento. Entre elas, a menor demanda mundial; a crescente substituição das importações pela produção nacional em algumas economias, como a da China; a menor proporção da produção chinesa destinada à exportação; o declínio nas cadeias globais de valor e o surgimento de novas tecnologias.
O informe foi apresentado pela secretária-executiva da Cepal, Alícia Bárcena, no México.
As tensões comerciais refletem, segundo a Cepal, a competição econômica e tecnológica entre a China e os Estados Unidos, e as crescentes críticas ao funcionamento da Organização Mundial do Comércio (OMC).
De acordo com a secretária, Estados e China começaram a se “desacoplar” e isso tem enormes impactos na economia mundial. A China já começa a substituir importações, o que significa que tem investido mais na produção de seus próprios bens intermediários, em vez de importar.
“Há uma desaceleração do PIB mundial, exceto da Índia, que é a única economia que não desacelera. Em todo o resto do mundo, desacelera”, analisou Bárcena.
No primeiro semestre deste ano, de acordo com a Cepal, o comércio intrarregional na América Latina foi muito afetado pelo baixo dinamismo econômico da região. As trocas no Mercosul e na Comunidade do Caribe registraram as maiores quedas, de 21,5% e 18,5%, respectivamente. A Cepal prevê que o valor das exportações intrarregionais diminua em 10% em 2019.